É por isso que não compramos nem vendemos órgãos humanos, é por isso que muitos acreditam que os contratos de barriga de aluguer não deveriam ser permitidos, e assim por diante. No entanto, este raciocínio parece claramente inaplicável ao caso dos cuidados com a saúde. Ninguém jamais sugeriu, que eu saiba, que haja algo inerentemente errado na compra ou venda de serviços médicos, ou que seja incompatível com a dignidade humana fazê-lo. A segunda razão contra a mercantilização é muito mais importante.

Observou se que, em alguns casos, são muito mais os incentivos morais do que os incentivos monetários que permitem garantir uma melhor oferta de um determinado bem. Dado que a criação de um mercado tende a estimular comportamentos de interesse próprio, um dos efeitos perversos da mercantilização pode ser provocar problemas de ação coletiva, ou seja, situações em que um objetivo que seria benéfico para todo o mundo não será prejudicado por causa de o comportamento egoísta de cada indivíduo.
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Esta dinâmica encontra a sua expressão mais conhecida no estudo realizado por Richard Titmuss sobre as reservas de sangue. Afirma que um sistema de doações voluntárias garante uma qualidade superior dos doadores do que um sistema onde estes são remunerados 3 . Estudos subsequentes confirmaram que os argumentos monetários podem ter o efeito de “sufocar” os argumentos morais, criando assim problemas de ação coletiva anteriormente inexistentes.

Bruno Frey e Felix Oberholzer-Gee, por exemplo, alcançaram esses resultados no seu estudo sobre a disponibilidade dos cidadãos para aceitarem projetos NIMBY ( Not In My Backyard ) como locais de tratamento . As centrais nucleares produzem benefícios amplamente apreciados, mas acarretam custos significativos que são sentidos localmente (tais como perigos associados ao armazenamento de resíduos e locais de tratamento).